Testemunho de Agosto_2022

Testemunho de Agosto_2022

Estes testemunhos preenchem as páginas da Lifeline, a revista mensal de Comedores Compulsivos Anónimos. São resultado do trabalho de pessoas que escrevem, não como autores profissionais, mas como comedores compulsivos que estão se recuperando através da prática do programa de Doze Passos.

Uma reunião matinal

Cheguei agora de uma reunião de CCA. Ela começa às 10h. Às 9h45min eu já estava lá e tinha aberto a porta da sede do clube para a luz do sol e o ar limpo e frio. Pus água a esquentar na cafeteira, arrumei a literatura de modo atraente e arrumei as cadeiras. Às 10h tinha executado todas as tarefas usuais da secretária e tinha servido a minha xícara de café. 

Estivera fora, em férias, e não sabia qual dos companheiros coordenaria a reunião; mas se fosse a minha vez escolheria gratidão como tema. Abri a reunião dizendo a Oração da Serenidade com grande sentimento. Depois li alto o Capítulo Cinco para as cadeiras vazias. Revisei os instrumentos para ver qual deles eu estava negligenciando. A seguir, era o momento para o coordenador se qualificar, dizendo como costumava ser, o que aconteceu, e como sou agora. 

Pensei nas anteriores viagens de férias, cheias principalmente com preocupações sobre onde conseguiria a próxima comilança e onde comeria a próxima refeição completa, apesar de já estar desconfortavelmente cheia. É assim que eu era. Era para isso que as férias serviam. Mas nestas férias, comi sensatamente e permaneci em meu plano alimentar durante todo o tempo. Francamente, estou atônita com a duração da minha abstinência, com minha perda de peso e pelo modo como intuitivamente sei como lidar com situações que antes me perturbavam. 

Tomando outra xícara de café, meditei sobre o tema que escolhera: gratidão.  Tenho tanto para agradecer, e de nada disso eu teria consciência se não tivesse colhido os benefícios de vários anos de programa. Estaria lamentando o fato de não existir um grupo de CCA a menos de 80km, e também porque meus esforços para abrir um grupo local despertam pouco interesse. É difícil, é dececionante, mas comer demais tornaria tudo pior. Durante os meus anos menos sãos eu não perceberia isso. Depois li uma história de um livro de CCA, “Comedores Compulsivos Anónimos”. Lembrei-me da minha madrinha que agora está a 2.400km, pois mudou-se para Little Town, Mid-USA. Sinto grande falta dela, e sinto falta também das grandes reuniões abertas a que um dia assisti.  Aqui não há madrinhas, e, certamente, não há grandes grupos. 

Li mais uma vez o Capítulo Cinco, fazendo as mudanças apropriadas. Também li o capítulo intitulado “Uma visão para você”, uma notável reflexão. 

Uni as mãos ao dizer o “Pai Nosso” para encerrar a reunião. 

Antes de sair, botei fora a água quente que sobrara, limpei a sala, recoloquei as cadeiras em suas fileiras e levei o material de volta para o carro. Fechando a porta, retirei o cartaz que diz: “Reunião de CCA em andamento. Entre”. 

Foi uma boa reunião. 


Fevereiro 1981