Testemunho de Dezembro_2022

Testemunho de Dezembro_2022

Estes testemunhos preenchem as páginas da Lifeline, a revista mensal de Comedores Compulsivos Anónimos. São resultado do trabalho de pessoas que escrevem, não como autores profissionais, mas como comedores compulsivos que estão se recuperando através da prática do programa de Doze Passos.

Tempo de regozijo

Hanukkah vai ser, em breve, celebrado pelos judeus e, pouco depois, os cristãos vão celebrar o Natal. Em nenhum outro momento são mais evidentes as similaridades destas religiões do que nesta época.

Compartilhar ideias e sentimentos com CCA´s de diferentes crenças e estilos de vida aumentou a minha compreensão das outras pessoas e acrescentou profundidade ao meu programa. Antes, todos os meus amigos eram da mesma fé que eu. Então, em CCA, compartilhei os meus pensamentos mais íntimos, durante mais de um ano, com um padrinho de outra religião. Desde aí escolhi padrinhos e amigos sem dar importância à sua situação religiosa. A minha vida tem sido enriquecida.

Quer estejamos celebrando Hanukkah ou Natal, ou ambos, o verdadeiro espírito dessas celebrações é frequentemente perdido por trás da barragem de comida e da preparação de comida. Como podemos nós, comedores compulsivos, encontrar alegria em festividades que colocam tanta ênfase na comida? Eu só consigo com a ajuda de meu Poder Superior, dos Doze Passos, dos instrumentos de recuperação e de mim mesmo – da pessoa que me tornei, desenvolvendo força, confiança e consciência de mim mesmo, durante meus anos em CCA.

O Doze e Doze, o Grande Livro e nossa literatura de CCA estão cheios de frases apropriadas para esta época do ano. Quando confrontado com a obsessão por comida, essa “credora voraz” de meu passado insano, encontro alívio nessas sugestões. “Entregue você mesmo e sua abstinência ao seu Poder Superior, todos os dias, durante todo o dia” (“Um compromisso com a abstinência” p. 3). Vou lembrar-me de que fiz as pazes com Deus e que, só por hoje, os meus dias de comilanças terminaram. Vou lembrar-me de lemas como “mantenha simples”, “um dia de cada vez” e “primeiro as primeiras coisas”, e vou me banquetear com reuniões e telefonemas extra.

Durante estes feriados muitos de nós vamos visitar amigos e família. Quer esperemos apreciar a beleza de uma árvore de Natal, ou o prazer de compartilhar com pessoas amadas uma refeição festiva, vamos ser fatalmente confrontados por montes de comida – muito mais do que queremos comer. Mas comida que não desejamos pode ser recusada delicadamente. Aprendi a dizer não de modo que imponha respeito, sempre assegurando aos donos da casa que estou ali pelo prazer da companhia e que estou satisfeito. Frequentemente digo apenas: “Já estou satisfeito, obrigado”.

Algumas vezes os feriados são obscurecidos por lembranças tristes, conflitos não resolvidos e expectativas não realizadas. Quando pensamentos infelizes passam pela minha mente, tento focalizar o pensamento no que faz com que me sinta bem: a beleza da nossa Irmandade, o exemplo dos veteranos, o viço dos recém-chegados, a serenidade que vem de aceitar a vontade de Deus.

Esta época de Festas é especial para mim. Com todos os perigos latentes é um momento que abordo com um espírito não só de alegria, mas também de gratidão. Sou grato pelo meu amadurecimento sem paralelo enquanto me aproximo de meu potencial pleno. Sou especialmente grato aos que me encorajaram durante este ano; e estou grato porque, sustentado pelo meu Poder Superior e pela minha abstinência, estou livre para apreciar plenamente as festividades. E também sou grato por ter sempre em mente o que talvez seja o mais verdadeiro e mais apropriado de todos os lemas de CCA: NADA tem um gosto tão bom como a abstinência. Como legiões de alcoólicos sóbrios, aceito de boa vontade as limitações que a minha doença impõe, enquanto se aproxima a minha sétima temporada de festas em abstinência no programa.


Dezembro 1982