Testemunho de Novembro_2022
Estes testemunhos preenchem as páginas da Lifeline, a revista mensal de Comedores Compulsivos Anónimos. São resultado do trabalho de pessoas que escrevem, não como autores profissionais, mas como comedores compulsivos que estão se recuperando através da prática do programa de Doze Passos.
Em grata aceitação
Eu queria sair de CCA, mas não sabia aonde ir para contar a novidade… Não sabia a quem telefonar (Rozanne? Deus?) … qual o cartão de membro devia rasgar (não tinha nenhum – só tinha uns poucos cartões com a Oração da Serenidade e alguns “Um dia de cada vez”)… E não sabia como apagar da minha mente os muitos princípios de um muito melhor modo de viver.
Não podia esquecer as quase instantâneas lembranças de muitas experiências positivas: reuniões de elevação do espírito, telefonemas carinhosos, e até um casamento em CCA. Não podia deixar morrerem as amizades vivificantes com que cinco anos e meio na Irmandade me abençoaram. Como poderia olhar para a Oração de São Francisco gravada numa placa, que está presa em uma parede de minha casa, lembrando-me gentilmente para ser um instrumento, um canal de paz – e não esquecer CCA? Eu não mais cantaria as muitas canções que nós, CCA´s, adotamos, canções que fazem parte de mim?
O “Pai nosso” poderia ser dito sem que as lágrimas inundassem meus olhos, se nunca mais fosse dita com as mãos unidas às dos homens e mulheres que sofrem com a doença que eu tenho? Aonde poderia eu ir nas manhãs de sábado para ser alimentada com a nutrição que a reunião “Despertar Matinal” me oferece gratuitamente? Nenhum restaurante do mundo pode me alimentar tão bem. Eu queria sair de CCA, mas o vazio seria tão grande, que nenhuma montanha de doces, nenhuma pilha de dinheiro, nenhuma pessoa maravilhosa, nenhuma coisa especial poderia preenchê-lo.
Se eu abandonasse CCA, uma dádiva oferecida gratuitamente se perderia. Um tesouro precioso demais para descrever seria jogado fora. A melhor parte de mim seria abandonada para se estagnar, e, talvez, murchar e morrer. Não, não posso sair de CCA. Sou muito especial. Amo demais o que CCA fez de mim. A bela dádiva de Comedores Compulsivos Anónimos é oferecida livremente, e eu, por minha escolha, a aceito, grata. Aceito também as outras dádivas de CCA: a riqueza de valiosas amizades, a fé, a esperança, o amor e a paz.
Aceito CCA e suas muitas bênçãos, lembrando sempre que CCA me aceitou primeiro.
Obrigada, amoroso doador, por todas essas dádivas.
Novembro 1980