Estes testemunhos preenchem as páginas da Lifeline, a revista mensal de Comedores Compulsivos Anónimos. São resultado do trabalho de pessoas que escrevem, não como autores profissionais, mas como comedores compulsivos que estão se recuperando através da prática do programa de Doze Passos.

Palavras para os que estão prontos

CCA é novo para mim, mas sinto que já estou crescendo, enquanto aprendo como lidar com a minha compulsão. Espero que estas sugestões que ouvi nas minhas primeiras reuniões sejam úteis para outros recém-chegados que estão prontos, como foram para mim.

Ouça e aprenda. Durante as minhas duas primeiras semanas em CCA, apenas ouvi – e como aprendi! Aprendi que não estou sozinho nesta compulsão, que o meu esquisito modo de comer afinal não é único e que existe um modo de conter a doença. Aprendi que se comer demais outra vez não tenho que desistir de mim. Se tropeço, posso-me levantar e caminhar.

Você não está sozinho. Temos o nosso Poder Superior junto de nós durante todo o tempo. Assim, nunca estamos sós. E temos o telefone. Umas poucas palavras com outro CCA podem afastar nossa mente da comida e dirigir nosso pensamento para algo mais construtivo.

Não precisamos de nos punir. Recheamo-nos com “um pequeno lanche” tentando bloquear sentimentos de culpa, raiva, ressentimento, auto piedade, ou o que seja. “Recompensamo-nos” com algo especial para celebrar aniversários, perda de peso, desembarque na lua, ou o que inventar. Mas a verdade é que estamos nos a punir com pensamento auto-destrutivo e comida desnecessária, que só beneficia esse rolo de gordura que temos na cintura. Mas CCA oferece-nos modos de nos tratarmos bem, que a longo prazo significa libertar-nos da obsessão por comida.

Podemos conseguir isso trabalhando o inventário, fazendo um telefonema, lendo a literatura do programa ou fazendo uma deliciosa refeição abstinente. Podemos aplaudir nos pelas nossas realizações.

Seja paciente por muito tempo. Tenho um longo caminho a percorrer. Há quanto tempo tenho este problema? Espero mudanças instantâneas? Dietas intensivas são inúteis para comedores compulsivos. Estou a aprender a ter paciência prolongada; estou a descobrir que tempo e fé vão fazer o que não posso fazer. Tenho a paciência de Deus para me guiar quando a minha está fraca. Aprendo lentamente e estou mudando lentamente; mas fiquei surpresa e feliz com a perda de peso e com a capacidade de respirar melhor. Lenta e constantemente continuo a trabalhar – e continuo a melhorar.

Se você não planeia, planeia falhar. Voltar para casa do trabalho é difícil para mim; então, planeio cada dia, que, assim, não se torna um desastre. Da mesma forma, planeio as refeições com antecedência, para evitar que contenham pouca nutrição e muitas calorias. Descobri que ter um plano de trabalho e um plano alimentar evita aborrecimento, pressa e indecisão. Desse modo não como em excesso e evito excessos emocionais que me induzam a comer demais.

Um dia de cada vez. Só por hoje vou permanecer abstinente. Durante este período de vinte e quatro horas posso lidar com a vida, todas as suas alegrias e todos os seus problemas, e resistir ao impulso de comer demais. Um dia de cada vez, com a ajuda do meu Poder Superior, posso melhorar minha conceção sobre a vida e manter o meu conceito sobre comida na sua perspetiva apropriada.

Solte e entregue a Deus. É estranho que eu tenha entregado a Deus tantas tarefas difíceis, mas nunca tenha entregado meu problema alimentar. Pensava nele como sendo uma questão simples, que não era suficientemente significativa para incomodar Deus com ela. Mas este é um problema real, para mim, e todos os meus problemas são importantes. A abstinência é essencial para minha saúde física, emocional e espiritual. Agora entrego tudo a Deus e estou a ter sucesso. Eu não posso; Deus pode.

Outubro 1982